MA-AI, A essência dos sentidos

Para qualquer pessoa que inicie um treinamento, seja ele em qualquer das artes marciais e em qualquer nível, um dos primeiros conceitos que submetemos à coordenação de nossos movimentos está na adequação do Ma-ai. O Ma-ai carrega em si a qualidade de proporcionar o sucesso, quando bem empregado, ou o fracasso. Sua importância é tão revelante que, mesmo que não se tenha uma boa técnica num combate, mas se domine o Ma-ai, uma grande dificuldade passa a ser imposta ou oponente.

Diferentemente de ser apenas um ajuste da distância em relação ao Uke, o Ma-ai carrega em sua grade de estudos uma vasta composição de variáveis que nos instrui diante de qualquer movimentação oposta. Para alguns, por mais que seja salientado a sua efetividade dentro de um dojō, este não é o ponto máximo por onde o Ma-ai se inicia. No entendimento dos mais estudiosos, existe o Ma-ai no pensamento, na fala, na visão, no movimento, no espaço em que nos encontramos... Enfim, em tudo. Ma-ai é a plena noção da ação que se inicia e até onde se permite chegar. Se observarmos apenas o Ma-ai dentro do movimento, nos perderemos na ilusão gerada pela visão, e basta fecharmos os olhos que todo conceito sobre esse tipo de Ma-ai se dissolverá.
Quando estabelecemos a unidade como um todo em movimento e o Ma-ai como parte integrante deste todo, toda movimentação externa passa a ser entendida e agrupada aos sentidos internos. Algumas escolas ainda conservam o bom desenvolvimento dos seis sentidos, mas é através do conceito de Ma-ai que, para uma prática marcial, todos eles se estabelecem.

Portanto, percebe-se que o Ma-ai não deve ser entendido apenas pela captação de um ou outro órgão sensorial, pois todos possuem maneiras de serem ludibriados. O Ma-ai deve ser sentido através da captação do todo, pelo trabalho em conjunto do que dispomos para ler a realidade.

 Por mais difícil que pareça dominar e coordenar o Ma-ai, devemos dedicar atenção especial a ele em todos os treinamentos, afinal donimando-o, dominamos a nós mesmos.