24 de ago. de 2010

A BUSCA PELA PERFEIÇÃO

As artes marciais nasceram como armas de guerra. Mas conseguiram o que nenhuma batalha faria: mostrar a importância do equilíbrio entre corpo e alma. Conheça mais sobre o aikidô, o caratê, o jiu-jítsu, o judô e o kendô.
 À direita o kendoca brasileiro Roberto Kishikawa é um dos grandes defensores do kendô.
As artes marciais fizeram fama com a filosofia que promete deixar espírito e corpo na mais perfeita ordem. Seus praticantes costumam viver uma rotina de eterna busca pela perfeição. Em cada golpe, em cada movimento, há sempre uma intenção de fazer melhor. A cada disputa, são lembrados ensinamentos milenares sobre respeito ao adversário, formação de caráter e outros tantos do repertório dos grandes mestres. Mas todos esses preceitos estão distantes anos luz das versões primitivas de seus golpes, criados com o objetivo de matar o adversário.
Ao contrário das artes marciais descendentes do jiu-jítsu, o caratê é baseado em golpes realizados em pé.
Na falta de armas mais eficazes, os guerreiros do Oriente investiam em movimentos sincronizados de braços e pernas capazes fulminar seus oponentes num único ataque. No Japão de antigamente, essa era uma atividade restrita ao grupo dos samurais, encarregados de zelar pela proteção do senhor feudal e seus respectivos domínios. Era uma época em que a regra era lutar ou morrer. Um tempo distante em que nem passava pela cabeça dos praticantes pensamentos mais nobres como elevar o espírito ou confraternizar com o adversário ao final da luta. Mesmo porque, geralmente, só sobrava um guerreiro para contar a história.
Com o passar dos anos, os melhores lutadores acabaram se tornando notícia. Do prestígio social dos difusores das artes mar ciais, foi um pulo para expandir a área de atuação dos ensinamentos utilizados até então apenas nos campos de batalha. Mesmo com o fim da era de guerras no arquipélago, as técnicas de combate continuaram a ser praticadas. Atravessaram gerações e, aos poucos, se transformaram em uma atividade esportiva. A primeira arte marcial que caiu no domínio público foi o jiu-jítsu, seguido pelo judô e pelo aikidô. O caratê, por sua vez, partiu de Okinawa, arquipélago ao sul do Japão. Enquanto o kendô é derivado direto da arte do manuseio das espadas na época dos samurais.
O judô surgiu como variante do antigo jiu-jítsu praticado pelos samurais

 Além das fronteiras nipônicas, a Coréia e a China foram importantes pólos difusores de outros estilos de lutas corporais. Hoje em dia, porém, o elo de ligação entre todas elas está mais para filosofia do que para o corpo-a-corpo. A busca do equilíbrio entre corpo e alma, aliado ao ideal de tornar seus praticantes seres humanos mais dignos, são temas recorrentes em todas as escolas difusoras das artes marciais. Vencer ou perder não é mais uma questão de honra, como no início da prática. Agora, o resultado é apenas um indicativo do grau de evolução do praticante. Quanto maior o equilíbrio, mais chances de vitória. Uma disputa interior que, em muitos casos, não tem fim.
Reportagem: Sergio Yamasaki, do Japão e Andréia Ferreira, do Brasil

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